Macua

O Nome é Macua porque eu nasci no coração do território dos Macuas, uma das maiores e mais antigas tribos africanas, residente no actual território de Moçambique. Este Blog não pretende ser um blog sobre usos e costumes de Macuas e outras tribos africanas, é apenas um local onde tomarei notas, farei registos, comentarei factos que de alguma forma mexem comigo. Assim, o nome deste blog, mais não é que uma pequena homenagem a essa gente que admiro.

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Localização: Rockville, Maryland, United States

Caso se dê ao trabalho de rolar o blog até ao final, encontrará um grupo com os resultados de alguns testes (25), que, segundo os autores, revelam quem sou. Aproveite para fazê-los e conhecer-se um pouco melhor também. Divirta-se. (Esta secção está disponível apenas em Inglês e por isso as minhas sinceras desculpas.)

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segunda-feira, agosto 29, 2005

O Negócio


Notas e reflexões sobre a credibilidade, a autenticidade, os certificados e o seu uso.

Sábado, 10:00 AM. Tocam-me é porta.
- Bom dia! Desculpe incomoda-lo em casa, mas fui informado que o senhor é possuidor de um Saphette OT 10371 de 52. Sou coleccionador especializado em vintages da Omega e gostaria que o senhor se dispusesse a mostrar-me esse relógio, se é que realmente o possui e se aceita conversar sobre uma hipotética negociação no sentido de eu poder adquirir esse item para a minha colecção.
- Sou efectivamente possuidor de um relógio como o que descreve mas... eeh... nunca pensei em vende-lo. Sabe? Tem um valor sentimental para mim já que me foi oferecido pelo meu pai. Foi o seu primeiro e único relógio.
- Caso possa dispor do seu tempo, gostaria pelo menos de vê-lo, poderia convida-lo para jantar e o senhor trá-lo-ia para que eu pudesse senti-lo. O dono do Vintage!
- Não há necessidade de convidar-me para jantar, entre e eu terei muito gosto em mostrar-lho.
- Reparo que é um admirador da Omega como eu. Esse Speedmaster que traz no pulso é uma das mais belas e perfeitas máquinas que o engenho do homem produziu.
- Ahhh.... este... pois... sabe... ... este é uma réplica adquirida em Canal St, NYC
- Não posso acreditar que sendo o senhor possuidor de um genuíno vintage, consiga usar uma réplica... não sei bem o que pensar disso.... sinto-me algo confuso. Acaso o seu vintage é genuíno?
- Veja você mesmo. Tome, segure-o, apalpe-o, veja-o nos mais ínfimos pormenores, sinta-lhe a alma e diga-me a sua opinião de coleccionador verdadeiramente entendido.
- Bem... uuh... aaahhh....
- Esteja á vontade, leve o tempo que quiser e achar necessário.
- Obrigado, mas na realidade a única coisa que soa a falso neste seu vintage é o seu aspecto novo.
- Ahh isso é porque esteve na Omega o ano passado a ser submetido a uma operação de restauro. Estava bastante gasto, note que foi o único relógio do meu pai e por isso foi usado durante 53 anos.
- Sendo assim a questão da autenticidade não se coloca porque certamente você está na posse do certificado que a Omega emite a todos os autênticos que restauram.
- Claro que possuo esse certificado. Já vou busca-lo para lho mostrar. Mas satisfaça-me a curiosidade, você pede o certificado para poder baixar a sua oferta no caso de o não ter?
- Não se trata do valor da minha oferta. O caso é que, se você não possuir o certificado, nem eu nem nenhum coleccionador lho comprará. Pura e simplesmente perde todo e qualquer valor.
- Entendo. Aqui tem o certificado de autenticidade da Omega.
- Ok, é sem dúvida um vintage original.
- Sem dúvida?!!!! O senhor vai desculpar-me uma vez mais, mas se duvidou da autenticidade deste vintage pelo facto de eu usar uma réplica de speedmaster, que garantias tem que esse certificado não é ele próprio uma réplica do certificado que a Omega emite?
- Ehhh.... ummmm... well.... i’m realy not sure.... desculpe… acho que não tenho maneira de saber. Você tem razão. A única forma é acreditar que ambos, relógio e certificado, são verdadeiros.
- E você está disposto a correr esse risco? Afinal o senhor não me conhece e eu até uso uma réplica de um outro modelo da mesma marca.
- Parece-me que a única coisa que posso fazer é correr o risco e depois enviar ambos à Omega para me certificarem a autenticidade do relógio e do certificado. Parece-me no entanto que o facto de ter revelado sem que lho tivesse perguntado que o seu speedmaster é uma réplica lhe dá alguma credibilidade. Depois, fui eu quem o procurou e tanto quanto sei o senhor não tem o vintage á venda.
- E admitindo que estaria interessado em vender-lho, qual seria a sua oferta?
- x.xxx$USD
- Uau!!!! Esse é um valor de facto tentador, mas como lhe disse antes, este vintage tem sobretudo um valor sentimental e a menos que você duplique essa oferta eu não cederei à tentação dos seus dólares.
- Espero que o senhor não se tenha ofendido com a sugestão de que esse vintage pudesse ser uma boa réplica. Entenda que sendo coleccionador as peças adquirem outro valor se estiverem acompanhadas do respectivo certificado de autenticidade.
- Ha ha ha... nada disso caro senhor, não me ofendi, mas não deixa de ser hilariante o facto de constatar que afinal não é o vintage o que realmente tem algum valor, mas o seu certificado.
- Sabe que você tem alguma razão? Nunca tinha visto as coisas por esse prisma, mas não deixa de ser verdade. Agora que penso nisso percebo que a minha imensa coleção nenhum valor teria se não possuísse os certificados de cada uma das peças.....
- Pois.... mas voltando à sua oferta.... fica nesse valor?
- Entenda que a minha proposta é uma excelente oferta porque estava realmente decidido a adquirir esse certif... esse vintage. Não vim preparado para regatear o valor da minha oferta porque lhe ofereço mais do que o valor de referência para os coleccionadores que é justamente quem mais paga por peças dessas.
- Mas como lhe disse há a questão do valor sentimental.....
- Acho que você está a servir-se dessa coisa do valor sentimental para tentar extorquir-me mais alguns dólares.
- Não pense nisso.... o valor sentimental existe e é real. Tinha planeado oferta-lo ao meu neto no dia em que este relógio completasse um século.
- É uma pena realmente que ...
- Desculpe interrompe-lo.... ocorreu-me que poderemos ainda assim chegar a um acordo que agrade a ambos.
- Sim? Sou todo ouvidos.
- Então... se bem entendi, sem o certificado o vintage nada vale porque passa a ser tão valioso como qualquer réplica. Certo?
- Aham!
- E se bem entendi todas as suas peças possuem o respectivo certificado.
- Sim.... mas não entendi ainda onde quer chegar.
- Uma vez que eu não quero vender o vintage por razões sentimentais, que dizem respeito exclusivamente ao vintage e não ao certificado, o que eu lhe proponho é vender-lhe o certificado. Assim eu mantenho a posse de uma peça que tem valor sentimental imensurável para mim, e você, munido de um certificado autêntico, pode adquirir uma réplica que deixará de sê-lo assim que exibida ao lado do certificado.
- Você está a confundir-me... se o compreendi, você pretende vender-me apenas o certificado?!
- Exactamente, uma vez que você não está disposto a pagar o valor sentimental de uma peça que só tem valor quando acompanhada do certificado, eu fico com a peça, que, pelo que vimos, nada vale, e vendo-lhe o certificado que é onde reside o valor real para qualquer coleccionador.
- Deixe-me pensar.... mas nesse caso, a minha oferta já seria apenas de xxx$USD.
O comprador!- Usando as suas palavras, acho que você está a tentar tirar partido da situação para me fazer baixar um preço que até foi você quem estipulou.
- Calma, não se ofenda, mas você mesmo deixou entender que o certificado não possuía qualquer valor para si ao contrário do vintage que tem um valor sentimental imensurável, para usar palavras suas. Além do mais, você ficaria na posse do vintage, e poderia concretizar o sonho de deixa-lo ao seu neto. Pense bem.... é mais do que justa a proposta que lhe faço.... na realidade até foi você quem sugeriu este acordo. Não estou a tentar engana-lo, apenas baixei o valor da minha oferta porque tenho que ter em conta os custos de mandar fazer uma réplica prefeita o que não é nada barato como até você pode compreender.
- Ummmh..... não sei... você baixou demasiado a sua oferta, afinal retirou-lhe um digito significativo à esquerda... é uma baixa a que eu chamaria de mais do que substancial.
- Ora meu caro, baixei bastante, é certo, mas note que do seu ponto de vista, você vende uma coisa sem valor, e mantém a posse o item que de facto tem valor para si e ainda embolsa uma maquia razoável.
- Pois.... mas pelo mesmo ponto de vista você, adquire por uma fracção do valor que estava disposto a pagar, a única coisa que realmente tem valor para si, abrindo mão de algo que nada vale.
- Ok... ok... entendo a sua argumentação... aliás, a minha argumentação.
- Mas olhe, você tem razão! O certificado para mim vale muito menos do que você me dá por ele, no entanto.... sabe como é a alma negociante de qualquer portuga.... nenhum negócio é um bom negócio se não regatearmos um pouco, e por isso eu só vou ceder se você também ceder.
- É justo. ...
-... ... ... ok... e afinal em que ficamos? Eu já lhe disse que se você não ceder um pouco eu também não. A bola, meu caro, está no seu campo.
- Touché..... vou ceder um pouco sim.... embora ache que você se arrisca a perder um excelente negócio. A minha contraproposta em relação ao valor a pagar não se altera um cêntimo, mas farei de si um possuidor de um verdadeiro Omega, e, além do valor mencionado, ofereço-lhe um speedmaster genuíno. Que me diz?
- Deixe-me pensar.... ... ....
- Acho que você está a esticar demasiado a corda.
- Calma.... já lhe digo..... estou quase a tomar uma decisão...... OK Dê cá um abraço, os dólares e o speedmaster original. Tome lá o certificado! Temos negócio. E agora vamos daí beber uma Super Bock que ofereço eu.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como você saberia que o speedmaster que o outro lhe ofereceu era original, tal qual ele declarou? você viu o certificado?
...gostei muito da historia, mas espero realmente que nao tenha passado de uma boa historia..

quinta-feira, setembro 01, 2005 5:41:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

a historia ta um espetaculo ,u tas lá. afinal quem ficou com o q?

terça-feira, maio 23, 2006 6:39:00 da tarde  

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